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Quando comecei a lecionar e quase
não tinha experiência alguma com crianças, entrei numa sala de aula repleta de
pré-adolescentes , a visão foi assustadora. A trilha sonora poderia ser do Hitchcock,
se fosse um filme o cenário seria “a hora do pesadelo” e os personagens
poderiam ser os Gremlins. Comecei então
a falar, falar, falar e me senti num palco, mas aquilo mais parecia um monologo
e eu declamando: Quem sou eu?- Meramente um amante das palavras... Ou seja, um
perfeito idiota.
Foi aí então que uma garota de
olhar singelo, de cabelos castanhos longos,
um brilho nos olhos, por volta de seus 12 anos olhou pra mim e disse: se ninguém
te ouve, escreva.
Foi nesse momento que me veio à
inspiração de começar a escrever frases, pensamentos no inicio de cada aula.
E funcionou. Antes mesmo que eu entrasse na sala de aula, os alunos já estavam curiosos para saberem qual seria o pensamento do dia. Antes disso, já havia tentado de
tudo, malabarismo, pirofagia, acrobacia, o truque do baralho, a cartola mágica,
e nada havia funcionado ...Mas instigar a curiosidade humana
sem ficar rodeando e ir direto ao ponto, não havia tentado.
Pensando nesse mesmo tema de
ficar dando voltas e mais voltas e não ir direto ao ponto, posso fazer uma
analogia a minha ida ao meu dentista. Certo dia fui tratar pela terceira vez o mesmo
canal, por quê? Porque ele disse que estava com medo de ir até o fundo da raiz
de uma vez só, mas a dor era intermitente. Eu queria que ele resolvesse aquele
problema. Então, na recepção do consultório, eu, a secretária, a minha dor,
revistas antigas e um livro de autoajuda .
Para não focar na dor e não olhar
para cara da secretária que também não é uma das pessoas mais interessantes do
mundo, as revistas velhas com notícias velhas, de pessoas famosas que foram
dessa para uma melhor. Peguei o livro de autoajuda (não me lembro o nome) comecei
a ler. Os primeiros capítulos falavam de
morte, de castigo.... Ai meu Deus!!! Eu já estava sendo castigado, minha boca
estava sendo castigada, meus dentes estavam sendo castigados, isso é ajudar? Aí
me lembrei de um pensamento que o Dalai Lama disse uma vez : ‘Tire proveito da daquilo
que é bom e aquilo que não for bom não guarde com você.. Foi o que eu fiz.
Aí comecei a ler uma parte que me interessou ,
falava da diferença entre o urubu e a águia :
O Urubu é uma ave que não tem um
voo em linha reta, não tem boa visão, sempre anda em círculos, olha o tempo
todo para baixo e na tempestade interrompe o voo e desce para procurar abrigo,
não caça e só se alimenta de seres em decomposição.
Já a Águia é bem diferente, pois
possui um voo alto e para frente, não tem necessidade de voar em bando, tem visão
excelente, olha para frente, alça voo acima das nuvens que provocam a tempestade.
Enquanto lia, comecei meu
devaneio sobre minha bizarra biologia e me questionei se eu estava sendo águia ou
urubu em vários aspectos da minha vida. Em certos momentos não há motivos para
rodearmos por coisas que já se foram, é passado, já estão em decomposição. Porque
ainda estou pensando nisso? Não precisamos andar em bandos para nos sentirmos
seguros, quem faz isso são os urubus!!!
Quem vai ao cinema sozinho, a um restaurante,
a um bar é uma águia , é um ser corajoso, não precisa de bandos, não que eu não
precise de amigos, não é isso, mas que também eu posso fazer isso só, você pode fazer isso só , porque isso é para quem tem visão de águia. Que mesmo nas mais terríveis tempestades ainda consegue lançar voos altos , não fica
em círculos ,indo para lugar nenhum, não interrompe seu caminho porque alguém o
critica ou porque alguém não acredita no seu potencial. Se ninguém te ouvir, escreva. não pare, continue, faça como a águia, siga o conselho daquela garota de 12 anos , ela foi uma águia, ela não estava em bandos, ela queria aprender, ela manteve seu foco, não interrompa seu voo por bobagens, por fofocas, por nuvens escuras passageiras, não se esconda, afinal, a distância
entre dois pontos é uma reta, mantenha sempre o foco!!!
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